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PROCESSO DE FABRICAÇÃO DO CHOCOLATE BRASILEIRO

O chocolate é o produto obtido com o cacau beneficiado, em geral, uma mistura de massa de cacau, manteiga de cacau e açúcar adicionada de aromatizantes e emulsificante. A lecitina de soja, emulsificante utilizado na proporção de 0,2 a 0,4%, auxilia na liquefação das coberturas e possui propriedades hidrófilas e lipófila.
A fabricação do chocolate se inicia pela mistura da pasta de cacau com leite em pó, manteiga de cacau, açúcar e outros ingredientes. A pasta de cacau é obtida pela trituração das sementes de cacau previamente tratadas, que provoca a redução da dimensão das partículas e a ruptura das células dos cotilédones de modo a libertar a gordura neles existentes - manteiga de cacau. O calor resultante da fricção ou o aplicado funde a manteiga de cacau, então o tamanho das partículas é reduzido tornando-se progressivamente mais fluida e solidificada após arrefecimento.

Os ingredientes citados acima são inicialmente pesados e transferidos para os misturadores ou mélangeurs.




MISTURADOR




FONTE: OETTERER, REGITANO-d’ARCE, SPOTO, (2006)

Após esse processo de mistura forma-se uma massa que será refinada. As partículas são reduzidas no refino com 35 a 65 micrômetro, conforme o tipo de chocolate. Ocorrendo diminuição da graduação, o açúcar aumenta sua superfície específica de contato com as gorduras da massa, da manteiga e do leite.





REFINADOR



FONTE: OETTERER, REGITANO-d’ARCE, SPOTO, (2006)
 



Depois da refinação vem a conchagem, em grandes recipientes denominados de conchas de paredes aquecidas com camisa de vapor e com movimento de rotação. Aí o chocolate é agitado por 12 a 16h, conforme o produto em temperatura variável, de 50°C no chocolate ao leite, e a 65°C nos chocolates em tabletes.





CONCHAGEM




FONTE: OETTERER, REGITANO-d’ARCE, SPOTO, (2006)



Quando o chocolate sai da temperatura de 48°C, está fluido e entra no resfriamento, é importante que atinja 28°C, ponto de solidificação da manteiga de cacau. Nessa temperatura há formação dos cristais tipo beta, que são estáveis e apresentam ponto de fusão entre 34 e 35°C. à essa etapa é dado o nome de tempera.




TEMPERA


FONTE: OETTERER, REGITANO-d’ARCE, SPOTO, (2006)



O produto da têmpera é distribuído automaticamente em moldes iguais, levados por uma esteira e submetidos à vibração contínua, que impede a formação de bolhas de ar e permite assentamento perfeito da mistura. Os moldes seguem para resfriamento em túneis a 6°C, o que provoca a contração da massa, dando-lhe consistência e facilitando a retirada do chocolate dos moldes.
                                                                                                    



MOLDAGEM



FONTE: OETTERER, REGITANO-d’ARCE, SPOTO, (2006)



O transporte e armazenamento são executados a 28°C, para manter os cristais de manteiga de cacau sob a condição de cristais beta, estáveis. Expostos a temperaturas superiores a 28°C o chocolate amolece e a manteiga de cacau cristaliza sob as formas de cristais alfa, instáveis e o produto adquire aparência que o consumidor costuma chamar de “velho”.






TRANSPORTE E ARMAZENAMENTO



FONTE: OETTERER, REGITANO-d’ARCE, SPOTO, (2006)



A perda da qualidade de chocolates deve-se a processos físicos desencadeados, principalmente pela exposição do produto ao calor, alteração de umidade, danos mecânicos e absorção de odores do ambiente e/ou da embalagem. A qualidade do produto também é reduzida quando seus aromas são perdidos para o ambiente. O efeito de variações de temperatura na perda de qualidade de chocolates é bastante significativo.
O controle de qualidade do chocolate é feito através de aspectos físico-químicos, microbiológicos e organolépticos tanto na matéria-prima quanto no produto final.
As análises são feitas para determinação de pH, ponto de fusão, índice de peróxidos, solubilidade e umidade, testes de firmeza e viscosidade da massa do chocolate e análises de microrganismo mofos, leveduras, bactérias (S. aureus e B. cereus), além da Salmonella .




REFERÊNCIAS


COEHN, K. O. Processamento tecnológico das amêndoas de cacau e de copuaçu. EMBRAPA, Belém, 2003

MARTINS, R. Dossiê Técnico Processamento do Chocolate, REDETEC, NET. Rio de Janeiro, ago. 2009. Disponível em: <http://www.respostatecnica.org.br/dossie-tecnico/downloadsDT/MTY4> Acesso em: 21 abr. 2013

MINDEL, N. História do chocolate, Net. 2013. Disponível em: http://www.chabad.org.br/biblioteca/artigos/chocolate/home.html Acesso em: 01 mar. 2013

NOGUEIRA, M. B. Cacau e Chocolate. 2008. Fl. 48,Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação), Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2008.

OETTERER, M.; REGITANO-d’ARCE, M.A.B.; SPOTO, M.H. Fundamentos de Ciência e Tecnologia de Alimentos. Barueri: Manole, 2006, p. 09 a 42.

Resolução RDC nº 264, de 22 de setembro de 2005. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/5e63cd804745929d9afede3fbc4c6735/RDC_264_2005.pdf?MOD=AJPERES> Acesso em: 28 fev. 2013

SUZUKI, R. M. Composição Química e Quantificação de ácidos Graxos em chocolates, achocolatados em pó, bebidas achocolatadas e sorvetes de chocolate. 2009. Fl. 130. Tese (Doutorado). Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2009








Juliana Angelo Pires
Tecnóloga em Biocombustíveis
Graduanda em Tecnologia de Agroindústria
japires@ymail.com

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